sábado, 1 de setembro de 2018

Tesouro Direto vs. Bolsa brasileira vs. Bolsa americana vs. ETFs Irlandeses


Tenho lido bastante posts na blogosfera sobre investimento em renda fixa, bolsa de valores, investimentos no exterior, etc. Cada um tem sua estratégia e sempre rola discussões sobre qual é a melhor opção.

Alguns defendem que por causa dos juros pagos no Brasil, não faz sentido correr riscos para tentar ganhar um pouco mais do que a renda fixa. Basta comprar títulos do Tesouro Direto que paguem a inflação medida pelo IPCA mais um juros 5 a 6% a.a. que resolve o problema.

Outros defendem que o investimento em ações de empresas que tenham sólidos fundamentos, com receita e lucros crescente ao longo dos anos, endividamento controlado, boa gestão, vai garantir um melhor retorno do patrimônio, além de uma renda passiva gerada pelos proventos.

Também há o grupo que entende que é necessário diversificar os investimentos no exterior. Distribuir parte do patrimônio no Brasil e outra nos EUA, por exemplo. Neste grupo existem os que investem em ações de crescimento, outro em ações e REITs que distribuem dividendos crescentes, etc.

Todos os argumentos são bem razoáveis, mas em geral destacando as virtudes de cada abordagem. Devido a minha formação matemática, gosto de comprovação dos argumentos. Por isto, parti para uma análise histórica que simulasse um investimento igual em cada abordagem.

Montei uma planilha que tratou os dados históricos de quatro estratégias de investimento diferente para ver como uma pessoa teria se saído após aportes mensais durante 15 anos.

Parâmetros para a comparação

Como ponto de partida, essa análise foi focada em um investidor de longo prazo, ou seja, aquela pessoa que pega uma parcela dos seus rendimentos e aplica mensalmente. Essa pessoa não fica movimentando seus recursos investidos na busca de melhores rentabilidades. Ela escolhe o perfil de investimento que melhor se adapta e segue firme em sua convicção.

Devido a disponibilidade de dados históricos, simulei o início do investimento para maio/2003, ano em que fiz minha primeira operação na bolsa de valores.

Esse investimento começou com um aporte mensal de R$ 350,00 em 2003 e, em 2018, chegou em R$ 1.000,00. Assim, o investidor simplificou seu investimento e buscou um avanço na renda para permitir um aumento nos seus aportes mensais. Nos 183 meses desta simulação foram investidos R$ 118.800,00.

Todos os aportes foram feitos na abertura do primeiro dia útil do mês. Portanto, não se buscou uma estratégia para tentar obter um melhor ponto de entrada durante o mês. A pessoa teve seu salário creditado, reservou o valor para aplicação e a executou de imediato. Embora isto não seja possível nos investimentos no exterior devido ao tempo para remessa dos recursos, foi considerado como possível para utilizar a mesma estratégia de aporte.

Tesouro Direto

O primeiro tipo de investimento analisado foi a renda fixa. Embora haja várias opções nessa modalidade (LCI, LCA, Fundos, PGBL, CRI, LC, Debêntures, Poupança, etc), escolhi o Tesouro Direto por se a mais sugerida pela mídia e incentivada pelo governo.

Dentro do Tesouro Direto também existem algumas opções, como taxas prefixadas, papéis que acompanham a Selic e  que seguem o IPCA. O mais sugerido para quem pretende investir no longo prazo é o Tesouro Direto IPCA+ sem pagamentos de juros semestrais, pois evitando este pagamento o bolo cresce mais rápido.

Os título de longo prazo atrelados ao IPCA só começaram a ser oferecidos em 11/08/2005, tendo dois vencimentos possíveis: 2015 e 2024. Assim, foi escolhido o título de 2024 e os aportes se iniciaram em setembro/2005, permanecendo até hoje. No período anterior, os aportes foram feitos em papéis atrelados a Selic.

Como várias corretoras atualmente não cobram corretagem dos título do Tesouro Direto, a simulação não incluiu este custo. Entretanto, foi considerado a taxa da CBLC, descontada semestralmente, e o IRRF a alíquota de 15% ao final da aplicação.

Os valores históricos dos títulos podem ser consultados no site do Tesouro

O resultado foi um crescimento de 254,32% no período de 183 meses, que anualizando temos 6,31%. De outra forma, o investimento através de aportes mensais totalizando R$ 118.800,00 gerou um saldo líquido atual de R$ 302.127,52.

Vale destacar que o IPCA acumulado neste período foi de 133,74%, conforme consta no site do Banco Central.


Investimento em renda variável no Brasil

Quando se fala em investimentos em renda variável estamos diante de um mundo quase infinito de possibilidades, onde entram as ações, FIIs (Fundos imobiliários), Opções, Fundos de Investimentos, Dólar, etc.

Também pode-se optar por diversas estratégias como longo prazo, swing trade, daytrade, uso de análise técnica, análise fundamentalista, tape reading, etc.
Porém, como este estudo tem foco no investimento de longo prazo, optei pela análise fundamentalista.

Avaliando as carteiras de ações da blogosfera, fiz uma seleção de 15 ações e, após pesquisar quem tinha dados históricos disponíveis, escolhi 8 ações para comprar mensalmente.
Vale ressaltar que, diferentemente do mercado americano, o brasileiro não tem um grande número de empresas negociadas na Bolsa de Valores. Além disto, boa parte das que hoje estão em negociação abriram seu capital na última década. Portanto, das 8 empresas selecionadas, apenas 3 estavam em negociação nos primeiros 18 meses da simulação e todas só estiveram disponíveis a partir de setembro/2007.

As empresas a seguir foram escolhidas porque através da análise dos balanços tiveram receitas crescentes, lucros crescentes, dívidas controladas, boa governança, em fim, os principais indicadores positivos. 
  • Engie (EGIE3) - antigamente era negociada como Tractebel
  • Itausa (ITSA4)
  • Bradesco (BBDC4)
  • WEG (WEGE3) - início dos aportes em outubro/2004
  • Porto Seguro (PSSA3) - início dos aportes em novembro/2004
  • Lojas Renner (LREN3) - início dos aportes em setembro/2005
  • M. Dias Branco (MDIA3) - início dos aportes em fevereiro/2007
  • Raia e Drogasil (RADL3) - início dos aportes em setembro/2007
Elas não foram selecionadas levando em consideração uma estratégia de recebimento de renda passiva futura através dos proventos distribuídos.  Há outras ações que se destacam pelo pagamento de praticamente todo o lucro na forma de proventos, mas nem sempre os fundamentos são tão bons.

Embora as ações escolhidas paguem proventos regularmente, após 15 anos do início dos aportes, os proventos pagos não são suficientes para cobrir as despesas de uma pessoa com renda suficiente para fazer os aportes estudados.
Entretanto, estes proventos hoje já conseguem mais que dobrar o valor aportado anualmente.
Vale destacar que todos os proventos pagos foram reaplicados, ou seja, quando os mesmos foram efetivamente pagos, compuseram a compra de novas ações no mês. O uso destes proventos não foi necessariamente na mesma empresa que os pagaram. Todos os valores foram líquidos, descontado o imposto de renda.

A simulação considerou uma taxa de corretagem e emolumentos de R$ 3,00, valor praticado pela corretora ModalMais atualmente. 

Os preços históricos das ações foram consultados diretamente no site da B3. Já os eventos de agrupamento, desmembramento, bonificação, dividendos e JCP foram consultados em diversas fontes, conforme a empresa pesquisada. Alguns foram diretos no site da B3, outros nos sites de relacionamento com o investidor, além de outros sites.

O resultado foi um crescimento de 387,34% no período de 183 meses (cotação de 31/08/2018), que anualizando temos 9,28%. De outra forma, o investimento através de aportes mensais totalizando R$ 118.800,00 gerou um saldo líquido atual de R$ 460.158,46. Como as ações podem ser vendidas em blocos de R$ 20.000,00 sem incidência de IR, este imposto não foi descontado do resultado. Já no Tesouro Direto o imposto foi descontado porque não há opção de isenção.

Além desta valorização do capital investido, vale ressaltar que a renda passiva proveniente do pagamento de proventos (dividendos e JCP) pelas empresas cresceu ano a ano, chegando a um total acumulado de R$ 69.533,16, ou seja, houve um aporte adicional de quase 60%. 
No período de janeiro a agosto de 2018 foram pagos R$ 14.221,71 de proventos enquanto foram aportados R$ 8.000,00. Assim, os proventos já representam 64% do montante aportado.
Mantendo o investimento por mais alguns anos, a tendência é um crescimento exponencial do montante acumulado.

Investimento em renda variável nos EUA

Esta análise incluiu os investimentos fora do Brasil como forma de diversificação em uma moeda forte, reduzindo o risco Brasil.
O mercado de ações americano é muito amplo, considerando a bolsa de Nova York e a Nasdaq, em 2017 havia 5.235 empresas em negociação. Já o Brasil fecho 2017 com 344 empresas.
Além desta quantidade de empresas, muitas tem abrangências mundial, como a Google, Apple, Johnson & Johnson, Coca-Cola, etc. Assim, mesmo adquirindo estas ações na bolsa americana, alcança-se uma diversificação mundial dos investimentos.

Diante desta gama de opções, abri-se uma variedade de estratégias, mas como este estudo foca o investimento no longo prazo, foi escolhido o investimento em empresas de crescimento de dividendos. Para uma empresa ser classificada como de crescimento de dividendos, ela deve pagar a cada ano um valor superior ao pago no anterior e fazer isso por vários anos. 
Nos EUA temos o índice aristocrático que é composto por empresas que pagaram dividendos crescentes nos últimos 25 anos. Atualmente este índice é composto por 53 empresas. De acordo com esta estratégia, por mais que ocorram crises em alguns anos, o crescimento da renda passiva gerada pelos dividendos estará garantida.

Para montagem de uma carteira focada em dividendos também poderíamos incluir alguns REITs americanos, que são, simplificando, equivalentes aos fundos de investimentos imobiliários (FIIs) brasileiros. Entretanto, como os FIIs são investimentos que só iniciaram seu crescimento em 2009, não foram incluídos neste estudo. Portanto, os REITs também não foram incluídos.

Um dos principais investidores da blogosfera que segue esta estratégia é o Viver de Dividendos. Assim, busquei de sua carteira de ações no exterior as seguintes 9 empresas:
  • Johnson & Johnson (JNJ)
  • Norfolk Southern Corp (NSC)
  • Visa Inc (V) - iniciou as operações em bolsa em março/2008
  • Paychex Inc (PAYX)
  • Chubb Corp (CB)
  • Union Pacific Corp (UNP)
  • Autoliv Inc (ALV)
  • Lockheed Martin (LMT)
  • Unilever Plc (UL)
Vale destacar que todos os proventos pagos foram reaplicados, ou seja, quando os mesmos foram efetivamente pagos, compuseram a compra de novas ações no mês. O uso destes proventos não foi necessariamente na mesma empresa que os pagaram. Todos os valores foram líquidos, descontado o imposto de renda na fonte de 30%, que é cobrado pelo fisco americano para investidores não residentes.

A simulação considerou uma taxa de corretagem de US$ 2,99, valor praticado pela corretora DriveWealth atualmente. Também foi considerado um spread de 3% sobre o câmbio oficial para o envio dos recursos para os EUA. Neste post não serão detalhadas as estratégias de recursos para o exterior. 
O câmbio foi consultado diretamente no site do Banco Central do Brasil e foi utilizado o valor do primeiro dia útil do mês. Não foi levado em consideração o prazo de 1 ou 2 dias que se gasta para ter o valor disponibilizado em dólar na conta da corretora.
Os aportes foram feitos mensalmente no primeiro dia útil do mês sem se importar com câmbio. Assim, teve mês que foi conseguido um excelente câmbio de R$ 1,55 por dólar, mas também teve câmbio há R$ 4,03 por dólar. De qualquer forma, com aportes mensais, obteve-se o câmbio médio de R$ 2,44 por dólar.

Os preços históricos das ações foram consultados no site www.historicalstockprice.com. Já os eventos de agrupamento, desmembramento, bonificação e dividendos  foram consultados em diversas fontes, conforme a empresa pesquisada. A maioria foi no site de relacionamento com o investidor de cada empresa.

O resultado foi um crescimento de 382,87% no período de 183 meses (cotação de 31/08/2018), que anualizando temos 9,19%. De outra forma, o investimento através de aportes mensais totalizando R$ 118.800,00 gerou um saldo líquido atual de US$ 185,799.55, que em reais ao câmbio de hoje equivale a R$ 768.336,89. Como as ações podem ser vendidas em blocos de R$ 35.000,00 sem incidência de IR, este imposto não foi descontado do resultado. 

A rentabilidade foi calcula apenas em dólar para poder comparar os investimentos sem considerar variações cambiais. Entretanto, o investimento em ações nos EUA também embute um investimento cambial, que em alguns momentos vai ser mais ou menos favorável ao investidor, mas dificilmente será negativo. Avaliando o retorno em reais pelo câmbio de hoje, teríamos uma valorização de 646,75%, gerando um ganho anual de 13,01%.

Além desta valorização do capital investido, vale ressaltar que a renda passiva proveniente do pagamento de dividendos pelas empresas cresceu ano a ano, chegando a um total acumulado de US$ 14,829.97, ou seja, houve um aporte adicional de 30%. 
No período de janeiro a agosto foram pagos US$ 1,469.50 de dividendos enquanto foram aportados US$ 2,211.03. Assim, os proventos já representam 40% do montante aportado.
Mantendo o investimento por mais alguns anos, a tendência é um crescimento exponencial do montante acumulado.


Investimento em ETFs sediados na Irlanda


Entre os investidores no exterior da blogosfera existe uma discussão sobre a melhor estratégia para garantir uma maior segurança e um maior patrimônio na hora de usufruir da independência financeira. 
Os investidores em crescimento de dividendos defendem que o objetivo é acumular um número suficiente de ações que gere uma renda passiva através dos dividendos que seja suficiente para cobrir as despesas mensais. Desta forma, a quantidade de ações possuída não é alterada, garantindo uma "renda perpétua". Além disto, como os dividendos são crescentes, a pessoa está protegida do efeito corrosivo da inflação.
Embora este resultado final seja perfeito, os críticos desta abordagem dizem que a mordida do leão americano de 30% sobre os dividendos pagos é um obstáculo para alcançar a quantidade de ações necessária para a independência financeira. Por isto, preferem a estratégica de acumulação de patrimônio e redução máxima de imposto.

Abrindo um parênteses, os EUA tem um acordo de compensação tributária com o Brasil que permite que nós brasileiros descontemos o imposto de renda (IR) pago nos EUA na apuração brasileira. Como a alíquota máxima no Brasil é de 27,5%, ao pagar 30% nos EUA não devemos mais nada no Brasil.

A forma encontrada para reduzir este gasto com imposto pelos investidores da blogosfera foram os ETFs sediados na Irlanda.
A Irlanda possui um acordo tributário com os EUA que garante aos investimentos sediados na Irlanda uma taxação de 15% na fonte sobre os rendimentos distribuídos. Assim, quando o ETF recebe o dividendo, ele só é reduzido em 15%, em vez dos 30% nos EUA. Além disto, a Irlanda não cobra imposto de renda sobre ganho de capital de investidores não residentes, portanto, quando os ETFs forem vendidos e creditados de volta na corretora, nenhum IR será cobrado.
O outro ponto desta estratégia é escolher ETFs de acumulação, ou seja, aqueles que não distribuam dividendos, reinvestindo os valores recebidos, o que gera uma valorização da cota e evita que o fisco brasileiro cobre a diferença de IR (27,5% - 15%).

Faltou dizer o que são ETFs. Como o objetivo aqui não é explicar o seu funcionamento, de forma simplificada são fundos de investimentos em ações que se propõem a seguir o desempenho de um índice. Existem diversas abordagens de ETFs, como índices americanos, índices mundiais, índices de grandes, médias e pequenas empresas, índices de mercado emergente, de biotecnologia, etc.
Os mais utilizados para acumulação de longo prazo são os atrelados ao índice S&P 500. Assim, quem compra um destes ETFs está comprando ações das 500 maiores empresas americanas, que possuem negócios em todo o mundo. Isto gera uma enorme diversificação. Por outro lado, nesta cesta tem todo tipo de  empresas: de crescimento, de dividendos, com bons fundamentos, com fundamentos não tão bons, empresas que crescem constantemente, empresas que vem enfrentado momentos difíceis, etc.

A mesma abordagem para remessa de dólares para os EUA do investimento em ações foi utilizada para os ETFs. Portanto, o valor investido em dólar é equivalente. Só não é igual porque os ETFs escolhidos só começaram a ser comercializados em 25/09/2009.
A principal diferença aqui foi a necessidade de alteração da corretora, pois a DriveWealth foco sua atuação no mercado americano. Portanto, a corretora Interactive Brokers foi escolhida pela sua atuação em vários mercados internacionais. Isso fez com que a corretagem paga mensalmente subisse para 10 dólares. Esse não é o custo por corretagem, mas é a cobrança mínima mensal para manutenção da conta, de onde é descontada a corretagem utilizada.

Seguindo o mesmo critério para escolha das ações, busquei nas carteiras dos investidores da blogosfera os ETFs preferidos para a estratégia adotada. Assim, foram escolhidos os seguintes:

  • CSPX - iShares Core S&P 500 UCITS ETF USD Accumulating - é um ETF que acompanha o índice S&P 500 americano. 75% do investimento foi destinado a este ETF, e
  • SWDA - iShares Core MSCI World UCITS ETF USD Accumulating - é um ETF que acompanha o índice MSCI World, composto por empresas de países desenvolvidos. 25% do investimento foi destinado a este ETF.

Os preços históricos dos ETFs foram consultados no site da iShares em UK. Lá é possível pesquisar os dados de todos os ETFs oferecidos pela BlackRock sediados na Irlanda.

O resultado foi um crescimento de 184,53% no período de 106 meses (cotação de 31/08/2018), que anualizando temos 7,18%. De outra forma, o investimento através de aportes mensais totalizando R$ 84.200,00 gerou um saldo líquido atual de US$ 59.993,22, que em reais ao câmbio de hoje equivale a R$ 248.089,96. Avaliando o retorno em reais pelo câmbio de hoje, teríamos uma valorização de 294,64%, gerando um ganho anual de 13,00%.

Nesse resultado não foi considerado qualquer imposto de renda sobre o ganho de capital nas vendas, pois foi considerada a isenção brasileira até o montante de R$ 35.000,00. Lembrando que os EUA não cobram IR sobre ganho de capital na compra e venda de ações por investidores não residentes.

Entretanto, há uma discussão ainda não pacificada pela legislação e pela interpretação da Receita Federal com relação a incidência de IR sobre qualquer valor de venda de ETFs. Alguns investidores já tem considerado em seus cálculos este imposto, pois os ETFs disponíveis na bolsa brasileira não possuem limite de isenção. Assim, consideram que o mesmo entendimento deve vir a ser aplicado pela Receita Federal.

Se formos considerar, então, o IR de 15% sobre o ganho de capital, o resultado é reduzido para 156,85% em dólar, gerando um ganho anual de 5,22%. Em reais o resultado passa para 250,45%, que anualizado representa 10,94%.
Assim, a mordida do leão reduz em quase 30% o ganho acumulado em dólar.

Agora podemos notar que o investimento em ações selecionadas para o crescimento de dividendos, embora tenha um imposto de renda de 30% na fonte nos EUA, consegue entregar um resultado melhor do que os ETFs que buscam a acumulação e redução deste imposto (9,19% a.a. contra 7,18% a.a.). Mesmo sem considerar uma possível tributação pelo Brasil quando precisar vender os ETFs para cobrir as despesas mensais quando chegar o momento de colher os frutos da independência financeira.

Outro ponto favorável ao investimento em ações de crescimento de dividendos é não precisar vender ações para cobrir os gastos mensais, esse trabalho cabe apenas aos dividendos. Na abordagem com ETFs estamos sempre reduzindo a quantidade de cotas, o que em momentos de baixa dos mercados, gera uma redução maior. Dependendo da expectativa de vida e da quantidade de cotas de ETFs acumulada, esta redução mensal pode se tornar preocupante.


Conclusões

No quadro abaixo resumo todos os cenários analisados até aqui. Podemos perceber que a abordagem em renda fixa aqui no Brasil é a pior das opções. A seleção de ações na bolsa de valores brasileira teve um bom desempenho, assim como as ações na bolsa de valores dos EUA. Portanto, uma estratégia que dilua os riscos entre estes dois mercados é a melhor opção. Até porque pode-se juntar o limite de R$ 20.000,00 e R$ 35.000,00 de isenção de IR nos respectivos mercados, o que garante uma renda suficiente para as despesas de alguém com um excelente padrão de vida no Brasil.


Todos os dados utilizados no estudo podem ser acessados nesta planilha: Comparativo TD,Bovespa, Stocks EUA e ETFs Irlandeses.


Tesouro DiretoBovespaEUA - AçõesEUA - ETFs IrlandaEUA - ETFs Irlanda com IR
Valor investidoR$ 118.800,00R$ 118.800,00$ 48.527,61R$ 118.800,00$ 32.511,56R$ 84.200,00$ 32.511,56R$ 84.200,00
Valor BrutoR$ 334.133,10R$ 460.158,46$ 185.799,55R$ 768.336,89$ 59.993,22R$ 248.089,96$ 59.993,22R$ 248.089,96
Imposto de RendaR$ 32.005,58$ 8.998,98
Valor líquidoR$ 302.127,52R$ 460.158,46$ 185.799,55R$ 768.336,89$ 59.993,22R$ 248.089,96$ 50.994,24R$ 210.876,47
254,32%387,34%382,87%646,75%184,53%294,64%156,85%250,45%
Proventos totaisR$ 69.533,16$ 14.829,97R$ 61.326,39
Proventos ano passadoR$ 8.584,98$ 2.314,84R$ 9.572,55
Proventos esse ano (até ago)R$ 14.221,71$ 1.469,50R$ 6.076,82
Retorno anualizado6,31%9,28%9,19%13,01%7,18%13,00%5,22%10,94%